segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A VIDA É DURA PRA QUEM É MOLE (parte02)



Passado alguns meses as casas ficaram prontas,ai então veio a festa da entrega das chaves,com queima de fogos,distribuição de brindes,o que tinha de político era uma coisa de louco,gente que não tinha nada haver com a obra,mas que,mesmo assim afirmavam ter trabalhado muito,para que aquelas pessoas estivessem ali,recebendo suas casas,nesse dia foi que entendi o verdadeiro significado da palavra hipocrisia.
No dia seguinte vieram os moradores com suas mudanças,só tinha mulher,criança e cachorro,tinha gente mudando de tudo quanto era jeito,caminhão,carroça,carrinho de mão,na maioria mulheres jovens,com três ou quatro crianças cada uma.
Essas casas geralmente são distribuídas a pessoas carentes,como por exemplo:idosos,pessoas com doenças terminais e mães solteiras.A casa é registrada no nome da mulher.
No início havia fiscalização pra ver se aquelas pessoas eram mesmo carentes,passado um tempo a fiscalização sumiu,ai apareceram os homens nas casas;eles chegaram com seus carros e motos,em quase todas as casas agora havia um carro na porta,veículos novos por sinal,com os homens vieram também as brigas,tiroteios e confusões em geral,no rastro deles vieram também,o pior tipo de policiamento que existe,homens truculentos que já chegam batendo ou atirando.
Minha casa ficou de frente a duas casas do projeto,na casa da esquerda agora residia uma morena de uns trinta e cinco anos  com suas duas filhas,que estavam na faixa dos quatorze anos;na casa da direita morava uma senhora evangélica com três crianças pequenas,mas já em idade escolar,como as casas foram entregues sem muros,por um bom tempo eu pude apreciar a vida dessas pessoas.
Com a morena da esquerda passou a residir um sujeito de uns quarenta anos,barrigudo,cabelo cumprido batido,corrente grossa de latão no pescoço,andava sempre com a camisa aberta,abotoada só em dois botões,uma calça jeans cheia de bolsos e um monte de desenhos bordados na parte de trás,estava sempre com o calcanhar rachado porque só calçava sandálias,trazia sempre na mão uma latinha de cerveja que parecia até fazer parte do corpo dele,sujeito truculento,mal educado,com aparência abobalhada.
Na casa da senhora evangélica,veio morar um senhorzinho,também evangélico,era franzino,tinha o cabelo lambido pra um lado pra disfarçar a careca,usava uma calça social preta e camisa branca abotoada até o pescoço,seu veículo era uma bicicleta tipo barra circular que puxava um pequeno reboque,no qual havia um assento.Ele não era o pai das crianças daquela senhora,mas se comportava como se fosse.Todos os dias de manhã,pegava as crianças,colocava uma na garupa e as outras duas no reboque e as levava até a escola,na volta sempre cuidava do pequeno jardim que havia plantado em frente sua casa,jardim esse que quase sempre era amassado pelo carro do vizinho,até que um dia o crente foi falar com o cachaceiro para pedir-lhe que não amassasse mais suas plantas,o coitado quase apanhou,só não foi chamado de santo e rapadura mas o resto foi tudo.
Certo dia houve uma grande confusão na casa do vizinho cachaceiro,já era de manhã,o sujeito estava sendo empurrado pra fora e era agredido pelas três mulheres,elas o agrediam a pauladas e pedradas,até que a mãe das meninas escorregou e bateu com o rosto no para lamas do carro abrindo um rasgo logo acima do olho,nisso encostou uma viatura,e os policiais quiseram saber o que estava acontecendo,as mulheres mais que depressa o acusaram de ter agredido elas inclusive tirando sangue da mais velha,nisso o homem tentava se defender,dizendo que ela havia caído,foi nesse momento que percebeu seu vizinho evangélico,chamou então por ele pedindo que confirmasse que a mulher havia caído sozinha,porém o homenzinho virou as costas e adentrou à sua residência.O sujeito foi preso e mais tarde condenado a seis anos de prisão,por agressão e também por ter molestado uma das meninas,pessoalmente não acredito que ele tenha feito isso,mas quem planta colhe,e a vida é dura pra quem é mole.

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