segunda-feira, 11 de agosto de 2014

CAFELÂNDIA BHC

Meu pai e sua família moravam numa cidade chamada União dos Palmares em Alagoas.A família era composta de minha avó Josefa,meu avô Celestino,tios:Cicero,Paulo,Pedro e Antônio,mais meu pai José,formavam o quinteto dos irmãos Honório;havia também minhas tias:Maria de Lurdes e Maria Madalena.
O meu avô paterno era um homem diferente;era alto,pele escura e olhos verdes;cabelo liso bem negro,uma mistura de índio,holandês e negro;não conversava muito e tinha um sorriso estranho sempre com o canto da boca.
Todos trabalhavam na roça;possuíam umas terras próximo da cidade e também da serra da barriga a meio caminho de uma e de outra.Lá plantavam de tudo e também criavam animais;tudo o que produziam era comercializado na cidade;onde possuíam uma casa muito grande,que ficava na rua principal bem de frente pra praça.Ela tinha uma enorme porta de madeira que abria pros dois lados,pra chegar na porta era necessário subir alguns degraus,eram altos e eu sempre colocava a mão nos joelhos pra poder subir;só não entendia porque eram assim,já que as outras casas não tinham isso.
A casa tinha duas salas grandes,uma cozinha também muito grande,onde havia dois fogões,um de lenha com chaminé e outro de ferro,desses que se compra em lojas,esse por sua vez,minha avó sempre mostrava pras visitas,que ficavam admiradas porque ele já vinha com forno.
O teto era sustentado por enormes vigas de madeira e coberto por telhas de barro,chamavam de tesoura e colonial.
Possuía também muitos quartos que ficavam sempre abertos,menos um que ficava trancado e era o que eu tinha mais vontade de conhecer.Todos os cômodos tinham enormes janelas azuis.O assoalho era de madeira,minhas tias passavam sobre ele uma pasta que vinha em enormes latas ;tudo ficava muito liso e brilhante,cada pessoa que andava sobre ele fazia um barulho diferente,dava pra saber até,quando eles estavam com pressa só pelo barulho dos passos.
Eu sempre empurrava uma mesinha pra perto da janela,subia nela e ficava olhando o movimento da rua,minhas tias ficavam bravas porque estava arranhando a mesa,diziam elas,mas meu avô sempre me defendia,dizendo pra me deixar em paz;mesmo assim minha tia Lurdes sempre me dava um beliscão ou dois.Meu avó parecia entender o prazer de ficar ali olhando pra rua.A diferença de altura da janela pra rua era tão grande que me dava sempre a impressão que eu era um gigante maior que todos lá fora;isso tudo é claro visto pelos olhos da criança que eu era.

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